Como identificar e auxiliar o desenvolvimento de crianças com altas habilidades/superdotação?
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Como identificar e auxiliar o desenvolvimento de crianças com altas habilidades/superdotação?

Atualizado: 14 de jun. de 2022

Com talentos e aptidões acima da média, esses estudantes também precisam de estímulos para desenvolver toda sua potencialidade.

Ao contrário do que pensa o senso comum, as crianças com altas habilidades/superdotação (AH/SD), também precisam de acompanhamento específico para garantir seu desenvolvimento e pleno aproveitamento de suas habilidades.

Embora em números os casos sejam raros – cerca de 25 mil estudantes, segundo o último Censo escolar (mas o número pode ser muito maior, por conta da subnotificação) – a presença de estudantes com AH/SD nas salas de aula oferecem um desafio aos educadores. Sem os estímulos e compreensão de suas características, estes alunos podem ficar desmotivados e até mesmo se afastarem da vida acadêmica. Soma-se a isso a carência da oferta de educação especializada e também dificuldades de diagnóstico, deixando as crianças mais pobres sem receber o atendimento necessário.


COMPORTAMENTO

As pessoas com altas habilidades/superdotação possuem uma potencialidade de aptidões, talentos e habilidades muito acima da média, que ficam demonstradas por meio do alto desempenho em diversas atividades que vão se apresentando no desenvolvimento da criança. Um fator determinante para ser incluída dentro do grupo dessa necessidade educacional especial é a constância: essas aptidões precisam ser constantes ao longo do tempo, já que nos primeiros anos de vida pode não ficar tão claro esse padrão de desempenho expressivo. É o caso por exemplo de crianças com excelente talento musical, com execução de técnica perfeita, semelhante a de um adulto profissional. Ou daquele estudante com raciocínio rápido e alta performance na resolução de problemas ainda muito jovem. Assim, a precocidade e a obstinação dessas crianças aos obstáculos, dificuldades e frustrações do processo de desenvolvimento também é um fator preponderante na identificação.

De acordo com o americano Joseph Renzulli, um dos maiores especialistas no assunto e psicólogo educacional, pessoas com AH/SD possuem têm três traços predominantes:

  • habilidade acima da média: raciocínio em leitura e matemática, relação especial, memória e vocabulário;

  • comprometimento: motivação empregada ao desenvolver uma tarefa, um foco ou concentração na atividade, com perseverança e paciência;

  • criatividade: pensamentos originais, criativos, flexíveis.

Vale ressaltar que para Renzulli – cujo trabalho é referência entre outros especialistas – é necessária a presença e interligação entre esses três aspectos para definir uma criança superdotada. A presença isolada de um dos três traços não seria suficiente para definir a superdotação.


DESENVOLVENDO POTENCIALIDADES

Como estão ainda em processo de desenvolvimento, muitas vezes essas potencialidades não são bem desenvolvidas, uma vez que poucos educadores estão aptos a identificar e orientar essas crianças. Embora careça de mais divulgação e investimentos, a educação especializada pode contribuir não só para o desenvolvimento, mas inclusão desses jovens.

Garantir os meios para que as escolas recebam e saibam estimular essas crianças é um dos desafios.


No Brasil, diversos documentos governamentais tratam do assunto. Ainda em 1995, a Política Nacional de educação Especial definiu como portadores de Altas Habilidades/Superdotação aqueles que: “[…] apresentarem notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para as artes e capacidade psicomotora.”

Apenas em 2013, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que regulamenta a educação no país, passou a incluir o conceito de altas habilidades/superdotação. A Lei passou então a garantir “atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino”. A Lei Federal 13.234, de 2015, visava o estabelecimento de cadastros específicos para identificar e garantir esse atendimento aos estudantes brasileiros com AH/SD, da educação infantil à educação superior.


Na prática, uma vez classificados com altas habilidades/superdotação, pela legislação brasileira o aluno tem direito à:

  • adaptação curricular para desenvolver as habilidades do aluno;

  • oferta de atividades em contraturno escolar;

  • aceleração de série – voltada aos alunos com altas habilidades em todas as áreas, que podem ser matriculados em séries mais avançadas e acompanhar todo o currículo, além de maturidade para socialização com os estudantes mais velhos.



DESAFIOS

Um dos principais mitos relacionados às pessoas com AH/SD é a de que não precisam de estímulo e são capazes de desenvolver suas habilidades por si só. Mas segundo especialistas o ambiente em que estão inseridas é tão importante quanto os fatores genéticos para exercerem o máximo de suas habilidades e competências.

“O aluno com altas habilidades/superdotação necessita de uma variedade de experiências de aprendizagem enriquecedoras que estimulem o seu desenvolvimento e favoreçam a realização plena de seu potencial” (Alencar & Fleith, 2001).

Outro ponto que pode trazer dificuldade às crianças é o assincronismo, característica muito presente em pessoas com AH/SD. O assincronismo se refere, por exemplo, à área intelectual-psicomotora, quando a criança aprende a ler precocemente, mas não desenvolve a escrita tão rapidamente por conta da necessidade de maturidade psicomotora. Ou então no campo da linguagem e do raciocínio, quando esse estudante demonstra grande capacidade de compreensão de um processo matemático, mas têm dificuldade em expressar seu conhecimento em palavras.

O assincronismo, comumente, pode levar os estudantes a serem excluídos entre seus pares ou serem mal compreendidos pelos pais e educadores quando não há a identificação de altas habilidades/superdotação e um ambiente em que sejam estimulados corretamente.

Por isso, outro mito é o de que esses estudantes terão sempre um bom rendimento escolar, quando a falta de um olhar especializado que os conduza com adaptações curriculares e estratégias educacionais que levem em conta suas diferenças individuais, podem interferir negativamente no desempenho dos alunos.

Longe de serem tratados apenas como gênios, as crianças com altas habilidades/superdotação necessitam de um olhar especializado, de inclusão e acolhimento de pais e educadores para se desenvolverem plenamente – assim como qualquer outro estudante.



REFERÊNCIAS:

METTRAU, Marsyl Bulkool e REIS, Haydéa Maria Marino de Sant’Anna. Políticas públicas: altas habilidades/superdotação e a literatura especializada no contexto da educação especial/inclusiva. Em: Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação. Dezembro, 2007.

BRASIL. LEI Nº 13.234, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2015. Dispõe sobre a identificação, o cadastramento e o atendimento, na educação básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação.

BRASIL. LEI Nº 12.796, DE 4 DE ABRIL DE 2013. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências.

FONTE: https://institutoneurosaber.com.br/alem-do-q-i-como-identificar-e-auxiliar-o-desenvolvimento-de-criancas-com-altas-habilidades-superdotacao/

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